Este CD Drama de digimon faz a "ponte" entre a primeira e a segunda temporadas. Aqui vai-se explicando vagamente o que aconteceu nesses 2 anos e meio, do ponto de vista das crianças escolhidas.
TRADUÇÃO DA FAIXA 02
Data: Novembro de 1999
Voz: Yagami Taichi
Título: «WHISTLE» (apito)
((ouve-se o barulhinho de um apito))
- …Hã? Este som… é o apito da Hikari!
Por instantes, pensei que fosse Hikari quem estivesse a soprá-lo. Mas… ela tinha ido às compras com a mãe. Além disso, aquele apito nem devia estar aqui… não neste mundo…
((novamente, ouve-se o barulhinho de um apito))
- De onde vem esse barulho?
As janelas estavam fechadas, por isso, não podia ser o barulho lá de fora. Mas, o barulho do apito parecia ecoar de muito longe; também não acho que viesse de dentro de casa…
((novamente, ouve-se o som))
Aquele apito… Há três meses, enquanto o portal entre a Digital World e o mundo real se fechava, não tivemos escolha a não ser despedir-nos dos nossos parceiros Digimon e regressar a casa. A Hikari contou-me depois que tinha oferecido o apito à Tailmon.
((novamente, ouve-se o som))
- É isso! O Digivice!
- É possível que o Portal se tenha aberto outra vez. Então… talvez possa voltar lá com o Digivice!
((ouve-se Taichi a caminhar e a remexer em alguma coisa))
- D-Deixa ver… onde está o meu Digivice? Onde é que o meti? Costumava ter tanto cuidado com ele… por ser tão importante para mim; meti-o aqui…
Na verdade… pensei em sempre tê-lo à mão. Mas, quando voltei para casa, comecei a sentir-me sozinho. Não queria aceitar que o Agumon já não estava comigo.
Porque… nós dois sempre estivemos juntos. Mesmo agora, nunca passei tanto tempo com outra pessoa como passei com ele…
Quer dizer… O tempo que estivémos na Digital World correspondeu apenas a três dias no mundo dos humanos. Mas… uma vez que a passagem do tempo na Digital World era muito mais rápida… o tempo que estive com Agumon foi de… meio-ano? Um ano?
E… já passou três meses desde que fiquei separado dele…
((continua a remexer em algo))
- Ah, encontrei-o!
((som do apito))
- Hã? Não. Não é do meu Digivice. Então… aquele som vem de dentro de…
((som do apito))
- O quarto do Pai!
((ruído de uma porta a abrir-se))
((ouvem-se um “pip” electrónico))
- Vinha do computador! Haha. O Pai deve ter deixado o computador ligado antes de ter ido trabalhar.
Não, não tinha. O computador normalmente não mostra o ecrã assim.
No meio do ecrã mostrava uma luz confusa.
Aquela luz… era como daquela vez!
Sim, aquela vez em que eu e a Hikari conhecemos o nosso primeiro Digimon, há quatro anos. Parecia exactamente como daquela vez, quando o Digiovo saiu do computador do Pai, a meio da noite!
((som do computador))
- Agumon! …e Tailmon! Pessoal…
((apito))
- Eh? N-não consigo ouvir-vos bem! Só consigo ouvir o apito da Tailmon…
- Agumon… não mudaste nada! Continuas o mesmo reguila de sempre. Andas a comer bem?
((ouvem-se alguns “pips” electrónicos))
- Hã? O que é isso, Agumon?
((mais “pips” electrónicos))
- Andas a treinar passes de futebol?
- Ah… mas… é que o futebol…
Nunca mais joguei, desde aquela altura.
- …vou esforçar-me ao máximo! Amanhã; não, hoje! Pode ser imediatamente, vou voltar a treinar!
((som do computador a desligar-se))
Nesse momento, o portal fechou-se num piscar de olhos.
Mais tarde, Hikari ficou zangadíssima comigo. «Por que não o mantiveste aberto até que eu chegasse a casa?!» disse ela. Haha, apesar disso…
Ainda não tinha acabado. A nossa aventura tinha apenas começado!
Desde então, o Portal abriu-se muitas vezes, para que os Digimons pudessem vir cá, e para que nós pudéssemos ir lá.
Eu ficava de mau humor e inquieto, sem saber quando o Portal ia abrir da próxima vez. Mas, mesmo assim, o simples facto de poder vê-los de vez em quando já era bom.
Agumon esperava sempre por mim com um grande sorriso na cara. Mesmo que não estivéssemos juntos, mantinha-se sempre bem-disposto. Saber disso já era suficiente.
Voltei a jogar futebol. Devotei-me de coração e alma ao jogo.
Não posso perder contra ele!
Contra Agumon. O meu outro “eu”.
((Começa a tocar a música "Yuuki wo Tsubasa ni Shite"; a música do Taichi))
TRADUÇÃO DA FAIXA 03
Data: Maio de 2000
Voz: Kido Jou
Título: "Denwa" (telefone)
((ouve-se o toque de um telefone))
((ouvem-se passos. É Jou a caminhar. Ele atente a chamada))
- Shiin-niisan? Sim, é o Jou. (niisan = irmão mais velho)
- Telefonaste para saber o que aconteceu há pouco tempo? Estou bem. Fui só ao Mundo Digital. Mas o Portal fecha-se muito depressa, não pude voltar logo para casa.
Continuava tudo na mesma, por aqui. Ainda bem que era a Semana Dourada. Até tive uma interrupção nas aulas.
Sim, encontrei-me com o Gomamon. Ele disse-te “Toma conta do Jou por mim”, Shin-niisan. Ele continua o atrevido de sempre.
O que estás a fazer?
Ah… estagiar não deve ser nada fácil. Andas a dormir bem? Se é só isso, não tenho de me preocupar contigo, Shin-niisan.
Sim, a escola está correr tranquilamente. Estou a estudar a sério! Afinal, tenho que ser aceite na Univerdade Nacional, tal como vocês. O Pai nem está a ser muito exigente comigo.
Não digas a ninguém, mas o Shuu-niisan telefonou-me, no outro dia. Disse que, no ano que vem, vai mudar de curso. Em vez de Medicina, vai para Humanidades. Quer até trabalhar, para pagar os estudos dele. Mas ainda não disse nada aos nossos pais.
Bem, ele sempre quis ser realizador de cinema, em vez de médico.
Lembras-te da Takenouchi Sora-kun? Sim, aquela moça um pouco “maria-rapaz”. (Mas ela ultimamente tem usado saias, por isso, até parece mais feminina.) Enfim, o pai da Sora-kun é professor de Antropologia na Universidade do Shuu-niisan; e ele disse que vai apoiar os estudos dele. Nunca soube que o pai da Sora-kun estava em Quioto!
Ah, sim. Contei ao Shuu-niisan sobre os Digimons. É engraçado, como ele ficou furioso por não ter estado em Tóquio nessa altura. Mas, se ele estivesse cá, acho que teria sido capturado pelo Vamdemon (= Myotismon) juntamente com os outros.
O Shuu-niisan nem esteve em casa, em Hikarigaoka, quando os Digimons apareceram pela primeira vez, há cinco anos, não foi? Estava em casa de um amigo. Sim. Sinceramente, não me lembro muito bem, mas acho que, nessa altura, estava a falar com ele por telefone. O que estavas a fazer nessa altura, Shii-niisan? Estavas a dormir, como sempre, não era?
A mãe está na mesma. Mas como que vocês dois deixaram a casa ao mesmo tempo, ela faz demasiado arroz e obriga-me a comer tudo. Tem sido duro!
Tens razão! Quando o Gamomon está cá, ele ajuda muito. Embora pareça pequeno, ele come imenso.
O pai… está um pouco mais calmo.
((pausa))
Eh? Eu?
Eu… quero ser médico, afinal.
Sim, mas isto foi eu quem decidiu sozinho.
Quando estivemos na Digital World, no Verão passado, houve muitos Digimons ficaram feridos e morreram. Não pude fazer nada por eles, apesar de ser filho de um médico.
Não quero tornar a sentir-me inútil! Não se alguém estiver ferido à minha frente.
A Digital World não tem nenhum médico. Eles vão precisar de alguém que esteja disponível para tratar deles.
Agora mesmo, tenho comigo um Kit de Primeiros Socorros, só para o caso do portal abrir-se outra vez. Por causa disso, tenho sempre as costas curvadas. E os meus braços estão a ficar musculados. ((risos)) A sério!
A propósito, estou com um problema. É claro que vou fazer o estudo de Medicina normal, mas vou estar a lidar com Digimons, não é? Não achas que vou precisar de estudar Medicina veterinária também, para ajudá-los?
Medicina regular e Medicina veterinária… qual é que achas devo estudar primeiro?
((começa a tocar a música "Chigau Boku ga Iru"; a música do Jou))
TRADUÇÃO DA FAIXA 04
Data: Outubro de 2000
Voz: Takenouchi Sora
Título: "Chichi e no tegami" (Uma carta para o meu pai)
Querido Pai,
Nas minhas últimas férias de Verão, voltámos a ver a Piyomon e os outros. Estou contente por termos ajudado na tua pesquisa. Nunca pensei que fosse possível que a Digital World e o nosso mundo estivessem tão relacionados um com o outro, desde há tanto tempo. Estou tão contente por ter falado contigo sobre isso!
A Piyomon pode até nem conseguir evoluir para o nível Perfeita, Garudamon, mas, uma vez que a paz regressou à Digital World, está tudo bem.
Mais importante que isso, fiquei muito surpreendida quando li a tua última carta. Quem ia imaginar que o irmão mais velho do Jou-senpai ia para Quioto e ter aulas contigo? É muita coincidência! Não só isso, ele também vai ser transferido do Departamento de Medicina para o teu Departamento! Que tipo de aulas vais dar, Pai? É assim tão fascinante ser professor universitário?
Estou a pensar em tentar ler um dos teus livros, para a próxima. A mãe mantém os livros protegidos atrás das prateleiras. São muitos! Pergunto-me se são demasiado difíceis de entender para uma aluna da Escola Básica…
Mas só de olhar para os títulos; vi um que dizia “Youkai” [1] e “Onmyoudou” [2]… Parece que tens feito algumas investigações estranhas, não é pai?
Comecei a jogar Ténis há pouco tempo. Jogo contra a Mãe! Ou, melhor dizendo, ela está a ensinar-me a jogar. É uma treinadora incrível! ((risos)) É ainda mais exigente do que no tempo em que me ensinava a arranjar flores. Não sabia que ela andava no Clube de Ténis, no tempo da Secundária (= ensino médio).
Também perguntei à mãe como foi a primeira vez que vocês dois se conheceram. Ainda andavas na universidade, em Tóquio, e conheceste-a durante a tua pesquisa em Quioto… Mas, depois de casares com ela, foste transferido para a universidade em Quioto, precisamente quando ela se mudou para Tóquio. É irónico. E quando a mãe abriu oficialmente uma Loja de Flores em Tóquio, ela teve de se mudar novamente de Hikarigaoka para Odaiba.
Mas… tudo isso não foi só coincidência.
Aconteceu nuitas coisas… mas foi graças a tudo isto que pude conhecer a Piyomon. Acredito nisto, agora. Tenho a certeza que o teu encontro com a mãe também não foi uma coincidência. Não tenho a certeza quanto ao irmão do Jou-senpai, mas também é possível que não seja coincidência! Pode haver algum significado por detrás disso. ((risinhos))
Na próxima visita-de-estudo, vou a Quioto. Dão-nos algum tempo livre, eu gostava de visitar o lugar onde tu e a mãe se conheceram pela primeira vez. Estou ansiosa por ver como é Quioto! Quer dizer, já a vi na Televisão, por isso há muitas coisas que sei sobre ela… mas nunca estive mesmo lá.
Viajei por imensos lugares na Digital World, mas nunca fui a lugar nenhum no Japão. Não achas estranho? ((risinhos))
Embora estejas ocupado a viajar pelo Japão a fazer a tua investigação, espero que um dia em breve tenhamos a oportunidade de viajar juntos como uma família.
Enfim… feliz aniversário, Pai! Estou agradecida por tudo o que tu e a mãe fizeram por mim.
Com amor,
Sora
((toca a música “Ashita wa Motto”; a música da Sora))
NOTAS:
1) “Youkai” - são monstros/fantasmas típicos do folclore do Japão.
2) "Onmyoudou" - é um ramo do ocultismo oriental. Está directamente relacionado com o Taoísmo e a teoria dos cinco elementos.
TRADUÇÃO DA FAIXA 05
Data: Abril de 2001
Voz: Izumi Koushiro
Título: "CHAT"
((som do computador))
((uma porta abre-se. Depois fecha-se… e ouvem-se passos apressados))
Ah, é o Gennai-san!
((som da cadeira, Koushiro senta-se e digita rapidamente))
Deixa ver, o meu nome e… ah, tenho de pôr o meu endereço de e-mail. Calma … calma…
"Há quanto tempo!
Daqui é o Koushiro.
Gennai-san, há quanto tempo não conversávamos pelo chat?
Desde que você ficou mais novo que tem andado particularmente activo.
A esfera negra que foi implantada dentro de si continua um mistério, não é?
Estou um pouco preocupado com isso…
((bip))
Eh, isso é verdade?
O número dos seus companheiros tem aumentado?
É um pouco estranho todos terem o mesmo rosto que você, Gennai-san.
((ouve-se três bips))
Como vai o Tentomon?
((bip))
Eh, ele perguntou isso?
Está tudo bem. Ando a comer bem. Estou até um pouco mais alto.
Embora as raparigas do 5º ano que entraram no clube de informática este ano sejam mais altas do que eu…
Mas vou ser o encarregado a partir deste ano! Estou a esforçar-me ao máximo!
Ontem foi o Ohigan [1], por isso fui fazer uma visita ao cemitério.
É. Agora posso dizer com toda a segurança e certeza que o pai e a mãe que tenho agora são os meus pais verdadeiros. Embora… os meus pais que estão no Céu também sejam importantes.”
((som do computador))
O que foi, Gennai-san? Está com uma expressão tão infeliz…
Oh, estou a ver… deve ser sobre aquilo.
Sim. Já compreendi… o significado do termo “Criança Escolhida”.
O número de Crianças Escolhidas tem aumentado a um bom ritmo.
Ter um parceiro Digimon não é uma coisa assim tão especial.
Ser “Criança Escolhida” significa… cessar as hostilidades que dividem e que são inconvenientes para a Digital World. Para isso, cada criança vem ganhando um parceiro Digimon, uma a seguir à outra.
Ou seja... que nós somos crianças eleitas para lutar.
É isso que significa, não é?
Tudo bem. Não sou o único a perceber isso. Toda a gente compreende.
Por isso mesmo, continuamos a lutar.
Agora, outras crianças estão a ser escolhidas para lutar contra outros tipos de ameaça.
Queremos ajudar essas crianças.
Gostávamos de fazer tudo ao nosso alcance para lhes dar a nossa força. Embora não seja tão fácil ajudá-los na América ou na Europa… se uma Criança Escolhida aparecer no Japão, ajudá-la-emos de imediato.
É verdade? O Tentomon disse o mesmo…
((novo bip))
Entendido.
Se encontrar alguma coisa, contacte-me imediatamente por favor.
((bip))
Ah… a sério? Isso é surpreendente…
Pensar que nem mesmo você sabe de quais países as Crianças Escolhidas vêm, quando elas vão à Digital World…
É o Quinlongmon quem o tem ajudado, não é, Gennai-san?
As outras Bestas Sagradas que foram revividas… também não sabem?
A Digital World… ainda tem tantos mistérios…
Vou esforçar-me por olhar por elas daqui.
((bip))
Estou a ver.
Até à próxima, então.
Obrigado por dispensar algum tempo para conversar, mesmo estando tão ocupado."
((novo bip; desliga-se o chat))
As novas Crianças Escolhidas… pergunto-me como serão elas? Deve haver umas cem, neste momento…?
Desde que começou, até quando os números vão multiplicar-se? De acordo com o Gennai-san, os números parecem duplicar em relação ao número original, a cada ano.
Portanto, significa que… em 1999 haviam oito de nós. Uma vez que, aparentemente, não havia mais ninguém senão nós oito, como terá sido em 1995?
Em 1995 foi o incidente de Hikarigaoka… que história haverá por detrás disso?
Ainda falta muitas coisas para eu descobrir… Tentomon.
NOTAS:
1) “Ohigan” – tradição budista celebrada no Japão, nos equinócios da Primavera e do Outono. Durante o Ohigan, os japoneses voltam às casas deles para visitar a família nos cemitérios e os templos. Durante uma semana, durante os equinócios, prestam serviços especiais para prestar tributo e respeito aos seus antepassados. Os japoneses chamam-lhe “San butsu E” (assembleia para glorificar a Buda).
TRADUÇÃO DA FAIXA 06
Data: Setembro de 2001
Voz: Tachikawa Mimi
Título: "VIDEO MAIL"
Hello! Estão todos bem? Daqui da América fala a Mimi, de Nova Iorque! ♥
Ah, Video-Mail só traz vantagens! Uma vez que, vocês já sabem, não consigo digitar muito bem… assim é muito mais fácil! ♥
Ah! Olhem! Não acham que o céu da América parece de uma cor diferente? …Ahm, como hoje está nublado, acho que não se nota muito a diferença… ((riso nervoso))
Aqui a escola começa em Setembro [1], por isso só comecei a escola ontem. Também já fiz muitos amigos novos!
Mudámo-nos para aqui por causa do negócio do meu Pai; acho que já tinha dito isso. Um dos sócios do negócio do Papá (ou, melhor dizendo, o senpai dele, Kuriyama-san) contou-me uma coisa engraçada! Ele não é japonês, é nativo-americano, por isso o nome verdadeiro dele não é Kuriyama, mas sim… Uhmmm, como era…?
Enfim, ele é um compilador de gravações… e bom! Nas tribos nativo-americanas, há umas coisas chamadas totens. Vocês conhecem as colunas totens, não conhecem? Aqueles postes de madeira que têm esculpidos neles umas caras esquisitas de animais, que estão todas umas em cima das outras. Cada família das tribos nativo-americanas tem uma espécie de espírito que os guia. Acho que são parecidos com os shugorei [2] no Japão. Mas a diferença é que eles são animais totem. Como um lobo… ou um gavião.
((riso)) Ei! Não faz lembrar muito os Digimons? ♥
Os Digimons vieram dos computadores, e eles apareceram das máquinas digitais tão facilmente como eu aqui a mandar este Video Mail, mas eles podem ter aparecido muito antes disso! Tenho pensado nisto ultimamente! ♥ Talvez não como Digital Monsters… mas como Digital Totens, ou Shigurei Totens! Eh!
E então! E então! Sobre a minha escola, é um edifício bastante velho, mas eles têm computadores por toda a parte, (a voz começa a ficar mais distante, em fade) e é óptimo porque podemos usá-los durante o tempo que quisermos…! (silêncio)
((rebentam várias explosões; ouve-se de fundo vários vidros estilhaçarem-se))
Pessoal… obrigada pela preocupação. (Mimi fala de um modo mais sério) Tanto eu, como a Mamã e o Papá estávamos muito longe daquele sítio, por isso ficámos todos bem.
(começa a ouvir-se o som de uma ambulância e alguns intercomunicadores)
Mas… o barulho dos edifícios a cair foi tão alto, que podia ouvi-los como se estivesse mesmo ao lado deles. Também vi imenso fumo. (Mimi está a falar da queda da World Trade Center, nos atentados de 11 de Setembro)
Lembrei-me de muitas coisas… sobre Odaiba e a Digital World…
Por isso, mesmo estando eu bem, não consegui aguentar. Comecei a correr.
((som de passos leves a correr))
Apesar de não ter a Palmon comigo, pensei que poderia haver alguma coisa que eu pudesse fazer sozinha. Sabia que era impossível, mas ainda assim… perguntei-me se haveria alguma coisa que pudesse fazer.
O caos era ainda maior do que eu imaginava…
Todos estavam cobertos de cinza, e havia muita gente que chorava. E entretanto, já havia uns que andavam a remover os escombros, e outros que se esforçavam ao máximo por providenciar água.
E então, encontrei-os no meio da multidão! Os Digimons e os seus parceiros humanos! Não era só um, eram muitos, e os Digimons mais pequenos deslizavam através das fendas à procura de sobreviventes! Não consigo falar inglês muito bem mas, quando lhes mostrei o meu Digivice, eles perceberam que eu era uma amiga!
E depois… realmente não podia fazer nada de mais, mas ajudei-os a transportar os feridos e a tratar das feridas deles…
Gradualmente, o número de adultos aumentou, por isso tivemos que nos esconder o mais rápido que pudemos. Também, uma vez que não podíamos deixá-los saber sobre os Digimons, separámo-nos antes que nos pudéssemos conhecer como deve ser… mas tenho a certeza que vou vê-los outra vez em breve.
Ahh, está quase na hora de ir, portanto vemo-nos depois! A Mamã e os outros estão a cozinhar para as pessoas que estão a distribuir água. Temos de manter toda a gente animada! ((sorri)) Eu vou ajudá-la, claro! Mesmo sem a Palmon por perto, pelo menos ainda sei cozinhar.
Até à vista!
NOTAS:
1) No Ocidente, regra geral, começam as aulas em Setembro, mas no Japão começa no dia 1 de Abril. É um sistema dividido em 2 semestres.
2) “Shugorei” – são guias espirituais do Japão. A aparência deles é humana, portanto, são diferentes dos guias espirituais animais dos nativo-americanos.
TRADUÇÃO DA FAIXA 07
Data: Março de 2002
Voz: Ishida Yamato
Título: “BASE no Hikinagara” (enquanto toco Guitarra)
Hã? Estás bem, pai? Olha as horas!
Ah, é verdade… Acabaram de reconstruir a estação de TV, não foi? É bom que vivamos tão perto dela. Levaram dois anos e meio…
Bom, isso é verdade, mas já te disse; não fomos os únicos que a destruíram!
((som de passos a caminhar))
Vou pedir emprestado o gravador outra vez. Vá lá, não te preocupes, não vou estragá-lo. Tens muitos deles, de qualquer forma.
((som de passos a caminhar))
Por falar nisso… não fazia ideia de que já tinhas pertencido a uma banda, pai.
((som do Yamato a remexer em algo))
Não tinhas dito que cantavas mal? Nem sequer vais às festas de karaoke…
Hã? “Tocavas guitarra e que por isso não tinhas de cantar”?
Bom, eu canto.
Deixa ver… ((Yamato aqui murmura para ele mesmo; ele está a escolher uma música)) Fico com esta hoje…
((volta a falar com o pai em voz alta:))
Isto é Metal?
Eh? É Hard Rock? Qual é a diferença?
Onde está a pauta…? Ah, está aqui.
((folheia as páginas rapidamente e vai falando com o pai:))
Está tudo bem. ((começa a dedilhar as cordas da guitarra enquanto fala)) Também sou capaz de fazer amigos. Estou a dar-me bem com as outras pessoas.
((ao som dos acordes soltos, comenta:))
Em vez de um gravador, era melhor que isto fosse passado para CD… Acho que dá um som diferente.
((toca a guitarra))
Quero a minha própria guitarra também… Esta é boa, mas é chato estar sempre a pedir-ta emprestada…
((pausa))
A sério?! Ah… então, fico à espera do teu salário extra.
((toca a guitarra))
Faz alguma coisa a esta montanha de vídeos, de uma vez por todas. Só tomas cuidado com os gravadores. Só porque precisas deles para o teu trabalho não é desculpa…
Qual era o nome? Aquele do outro dia… “Watashi wa judai wo okami otoko da ta”. [1] Um filme antigo de terror? ((ouve-se o uivo de um lobo)) Ya, é isso.
Hum…? Ah, a sério… O actor daquele filme… Hnmmm…
O Gabumon?
Não! O que se parece com um lobo é o Garurumon. O que se parece com um lobisomem é o WereGarurumon. Da próxima, vê lá se consegues lembrar-te!
Ele parecia bem, da última vez que o Portal se abriu.
((pausa))
Eh? O que foi?
((pausa))
Ah. Já sei. A mãe e o Takeru vão mudar-se para Odaiba, não é? O próprio Takeru contou-me. Vão mudar-se para o apartamento que foi construído o ano passado, né? Aquele com a loja de conveniência [1] no rés-do-chão…
Não tenho visto aquele fulano de óculos e de faixa ultimamente.
Ah, não me digas… ele está a reportar aquele evento em Hiroshima. Incrível, ele vai ser promovido a director, hã? [3]
…não estou nada a mudar de assunto! Falei com o Takeru ao telefone há pouco tempo. Ele disse que a mãe estava a organizar uma reportagem sobre o que aconteceu em Odaiba e Hikarigaoka. É claro! Ela não vai escrever sobre nós.
De qualquer forma, existe muita coisa que mesmo nós não compreendemos ainda. Não há nenhum vídeo sobre o que aconteceu há três anos nem nada… apesar de todo o mundo ter visto…
Mas é graças a isso que podemos viver em paz agora.
((pausa))
É. Eu sei que as coisas não podem continuar assim por muito tempo. Tenho pensado nisso… à minha maneira.
((toca a guitarra))
“O pai não se lembra. Naquele dia… era eu e o Takeru…. Naquele dia em que tivemos de decidir qual de nós ia embora com ele. Nem o pai nem a mãe conseguiam decidir, por isso, quem decidiu fui eu.
Pensei que, desta forma, o Takeru ia poder estar com a mãe. Escolhi sozinho.
E, depois disso, sempre decidi as coisas sozinho. Ou pelo menos era o que eu tinha em mente.
Muito embora tenham-me chamado de “Criança Escolhida”, era EU quem tinha de decidir o que fazer. Nem pensar em deixar-me usar pelos os interesses de outra pessoa.
Por essa razão cheguei tão longe em manter-me afastado de amizades.
Mas, no fim, reconheci que aquilo que estava a fazer não era racional. Afinal de contas, não estou a viver sozinho. Se não tivesse conhecido o Gabumon, nunca teria percebido isso.
A pessoa que sou agora… já não está sozinha.
((toca a guitarra e começa a música))
Bom, e agora… Acho que vou ensaiar um pouco!
((Começa a tocar a música “Negai Kanaeru Kagi”, a música de Yamato))
NOTAS:
1) A loja da família da Miyako
2) Este nome deu origem ao nome da banda de Yamato: “Teenage Wolves”.
“Watashi wa judai wo okami otoko da” traduz-se em inglês para “I was a Teenage Werewolf” (=“Fui um lobisomem adolescente”)
3) Yamato está a falar daquele produtor da TV Fuji do episódio 17 de Adventure 02, quando aparece a sombra de Wizarmon no ecrã.
Digimon Adventure: história original, o intervalo de 2 anos e meio
- LISTA de Faixas:
- 01: Butter-Fly (TVサイズ)(和田光司) : Butter-Fly (TV Size) (Wada Kouji)
02: 1999年11月/八神太一/ホイッスル : Novembro 1999/ Yagami Taichi/ WHISTLE
03: 2000年5月/城戸丈/電話 : Maio 2000/ Kido Jyou/ Denwa
04: 2000年10月/武之内空/父への手紙 : Outubro 2000/ Takenouchi Sora/ Chichi e no Tegami
05: 2001年4月/泉光子郎/チャット : Abril 2001/ Izumi Koushiro/ CHAT
06: 2001年9月/太刀川ミミ/ビデオメール : Setembro 2001/ Tachikawa Mimi/ VIDEO MAIL
07: 2002年3月/石田ヤマト/ベースを弾きながら : Março 2002/ Ishida Yamato/ BASE wo Hikinagara
TRADUÇÃO DA FAIXA 02
Data: Novembro de 1999
Voz: Yagami Taichi
Título: «WHISTLE» (apito)
((ouve-se o barulhinho de um apito))
- …Hã? Este som… é o apito da Hikari!
Por instantes, pensei que fosse Hikari quem estivesse a soprá-lo. Mas… ela tinha ido às compras com a mãe. Além disso, aquele apito nem devia estar aqui… não neste mundo…
((novamente, ouve-se o barulhinho de um apito))
- De onde vem esse barulho?
As janelas estavam fechadas, por isso, não podia ser o barulho lá de fora. Mas, o barulho do apito parecia ecoar de muito longe; também não acho que viesse de dentro de casa…
((novamente, ouve-se o som))
Aquele apito… Há três meses, enquanto o portal entre a Digital World e o mundo real se fechava, não tivemos escolha a não ser despedir-nos dos nossos parceiros Digimon e regressar a casa. A Hikari contou-me depois que tinha oferecido o apito à Tailmon.
((novamente, ouve-se o som))
- É isso! O Digivice!
- É possível que o Portal se tenha aberto outra vez. Então… talvez possa voltar lá com o Digivice!
((ouve-se Taichi a caminhar e a remexer em alguma coisa))
- D-Deixa ver… onde está o meu Digivice? Onde é que o meti? Costumava ter tanto cuidado com ele… por ser tão importante para mim; meti-o aqui…
Na verdade… pensei em sempre tê-lo à mão. Mas, quando voltei para casa, comecei a sentir-me sozinho. Não queria aceitar que o Agumon já não estava comigo.
Porque… nós dois sempre estivemos juntos. Mesmo agora, nunca passei tanto tempo com outra pessoa como passei com ele…
Quer dizer… O tempo que estivémos na Digital World correspondeu apenas a três dias no mundo dos humanos. Mas… uma vez que a passagem do tempo na Digital World era muito mais rápida… o tempo que estive com Agumon foi de… meio-ano? Um ano?
E… já passou três meses desde que fiquei separado dele…
((continua a remexer em algo))
- Ah, encontrei-o!
((som do apito))
- Hã? Não. Não é do meu Digivice. Então… aquele som vem de dentro de…
((som do apito))
- O quarto do Pai!
((ruído de uma porta a abrir-se))
((ouvem-se um “pip” electrónico))
- Vinha do computador! Haha. O Pai deve ter deixado o computador ligado antes de ter ido trabalhar.
Não, não tinha. O computador normalmente não mostra o ecrã assim.
No meio do ecrã mostrava uma luz confusa.
Aquela luz… era como daquela vez!
Sim, aquela vez em que eu e a Hikari conhecemos o nosso primeiro Digimon, há quatro anos. Parecia exactamente como daquela vez, quando o Digiovo saiu do computador do Pai, a meio da noite!
((som do computador))
- Agumon! …e Tailmon! Pessoal…
((apito))
- Eh? N-não consigo ouvir-vos bem! Só consigo ouvir o apito da Tailmon…
- Agumon… não mudaste nada! Continuas o mesmo reguila de sempre. Andas a comer bem?
((ouvem-se alguns “pips” electrónicos))
- Hã? O que é isso, Agumon?
((mais “pips” electrónicos))
- Andas a treinar passes de futebol?
- Ah… mas… é que o futebol…
Nunca mais joguei, desde aquela altura.
- …vou esforçar-me ao máximo! Amanhã; não, hoje! Pode ser imediatamente, vou voltar a treinar!
((som do computador a desligar-se))
Nesse momento, o portal fechou-se num piscar de olhos.
Mais tarde, Hikari ficou zangadíssima comigo. «Por que não o mantiveste aberto até que eu chegasse a casa?!» disse ela. Haha, apesar disso…
Ainda não tinha acabado. A nossa aventura tinha apenas começado!
Desde então, o Portal abriu-se muitas vezes, para que os Digimons pudessem vir cá, e para que nós pudéssemos ir lá.
Eu ficava de mau humor e inquieto, sem saber quando o Portal ia abrir da próxima vez. Mas, mesmo assim, o simples facto de poder vê-los de vez em quando já era bom.
Agumon esperava sempre por mim com um grande sorriso na cara. Mesmo que não estivéssemos juntos, mantinha-se sempre bem-disposto. Saber disso já era suficiente.
Voltei a jogar futebol. Devotei-me de coração e alma ao jogo.
Não posso perder contra ele!
Contra Agumon. O meu outro “eu”.
((Começa a tocar a música "Yuuki wo Tsubasa ni Shite"; a música do Taichi))
TRADUÇÃO DA FAIXA 03
Data: Maio de 2000
Voz: Kido Jou
Título: "Denwa" (telefone)
((ouve-se o toque de um telefone))
((ouvem-se passos. É Jou a caminhar. Ele atente a chamada))
- Shiin-niisan? Sim, é o Jou. (niisan = irmão mais velho)
- Telefonaste para saber o que aconteceu há pouco tempo? Estou bem. Fui só ao Mundo Digital. Mas o Portal fecha-se muito depressa, não pude voltar logo para casa.
Continuava tudo na mesma, por aqui. Ainda bem que era a Semana Dourada. Até tive uma interrupção nas aulas.
Sim, encontrei-me com o Gomamon. Ele disse-te “Toma conta do Jou por mim”, Shin-niisan. Ele continua o atrevido de sempre.
O que estás a fazer?
Ah… estagiar não deve ser nada fácil. Andas a dormir bem? Se é só isso, não tenho de me preocupar contigo, Shin-niisan.
Sim, a escola está correr tranquilamente. Estou a estudar a sério! Afinal, tenho que ser aceite na Univerdade Nacional, tal como vocês. O Pai nem está a ser muito exigente comigo.
Não digas a ninguém, mas o Shuu-niisan telefonou-me, no outro dia. Disse que, no ano que vem, vai mudar de curso. Em vez de Medicina, vai para Humanidades. Quer até trabalhar, para pagar os estudos dele. Mas ainda não disse nada aos nossos pais.
Bem, ele sempre quis ser realizador de cinema, em vez de médico.
Lembras-te da Takenouchi Sora-kun? Sim, aquela moça um pouco “maria-rapaz”. (Mas ela ultimamente tem usado saias, por isso, até parece mais feminina.) Enfim, o pai da Sora-kun é professor de Antropologia na Universidade do Shuu-niisan; e ele disse que vai apoiar os estudos dele. Nunca soube que o pai da Sora-kun estava em Quioto!
Ah, sim. Contei ao Shuu-niisan sobre os Digimons. É engraçado, como ele ficou furioso por não ter estado em Tóquio nessa altura. Mas, se ele estivesse cá, acho que teria sido capturado pelo Vamdemon (= Myotismon) juntamente com os outros.
O Shuu-niisan nem esteve em casa, em Hikarigaoka, quando os Digimons apareceram pela primeira vez, há cinco anos, não foi? Estava em casa de um amigo. Sim. Sinceramente, não me lembro muito bem, mas acho que, nessa altura, estava a falar com ele por telefone. O que estavas a fazer nessa altura, Shii-niisan? Estavas a dormir, como sempre, não era?
A mãe está na mesma. Mas como que vocês dois deixaram a casa ao mesmo tempo, ela faz demasiado arroz e obriga-me a comer tudo. Tem sido duro!
Tens razão! Quando o Gamomon está cá, ele ajuda muito. Embora pareça pequeno, ele come imenso.
O pai… está um pouco mais calmo.
((pausa))
Eh? Eu?
Eu… quero ser médico, afinal.
Sim, mas isto foi eu quem decidiu sozinho.
Quando estivemos na Digital World, no Verão passado, houve muitos Digimons ficaram feridos e morreram. Não pude fazer nada por eles, apesar de ser filho de um médico.
Não quero tornar a sentir-me inútil! Não se alguém estiver ferido à minha frente.
A Digital World não tem nenhum médico. Eles vão precisar de alguém que esteja disponível para tratar deles.
Agora mesmo, tenho comigo um Kit de Primeiros Socorros, só para o caso do portal abrir-se outra vez. Por causa disso, tenho sempre as costas curvadas. E os meus braços estão a ficar musculados. ((risos)) A sério!
A propósito, estou com um problema. É claro que vou fazer o estudo de Medicina normal, mas vou estar a lidar com Digimons, não é? Não achas que vou precisar de estudar Medicina veterinária também, para ajudá-los?
Medicina regular e Medicina veterinária… qual é que achas devo estudar primeiro?
((começa a tocar a música "Chigau Boku ga Iru"; a música do Jou))
TRADUÇÃO DA FAIXA 04
Data: Outubro de 2000
Voz: Takenouchi Sora
Título: "Chichi e no tegami" (Uma carta para o meu pai)
Querido Pai,
Nas minhas últimas férias de Verão, voltámos a ver a Piyomon e os outros. Estou contente por termos ajudado na tua pesquisa. Nunca pensei que fosse possível que a Digital World e o nosso mundo estivessem tão relacionados um com o outro, desde há tanto tempo. Estou tão contente por ter falado contigo sobre isso!
A Piyomon pode até nem conseguir evoluir para o nível Perfeita, Garudamon, mas, uma vez que a paz regressou à Digital World, está tudo bem.
Mais importante que isso, fiquei muito surpreendida quando li a tua última carta. Quem ia imaginar que o irmão mais velho do Jou-senpai ia para Quioto e ter aulas contigo? É muita coincidência! Não só isso, ele também vai ser transferido do Departamento de Medicina para o teu Departamento! Que tipo de aulas vais dar, Pai? É assim tão fascinante ser professor universitário?
Estou a pensar em tentar ler um dos teus livros, para a próxima. A mãe mantém os livros protegidos atrás das prateleiras. São muitos! Pergunto-me se são demasiado difíceis de entender para uma aluna da Escola Básica…
Mas só de olhar para os títulos; vi um que dizia “Youkai” [1] e “Onmyoudou” [2]… Parece que tens feito algumas investigações estranhas, não é pai?
Comecei a jogar Ténis há pouco tempo. Jogo contra a Mãe! Ou, melhor dizendo, ela está a ensinar-me a jogar. É uma treinadora incrível! ((risos)) É ainda mais exigente do que no tempo em que me ensinava a arranjar flores. Não sabia que ela andava no Clube de Ténis, no tempo da Secundária (= ensino médio).
Também perguntei à mãe como foi a primeira vez que vocês dois se conheceram. Ainda andavas na universidade, em Tóquio, e conheceste-a durante a tua pesquisa em Quioto… Mas, depois de casares com ela, foste transferido para a universidade em Quioto, precisamente quando ela se mudou para Tóquio. É irónico. E quando a mãe abriu oficialmente uma Loja de Flores em Tóquio, ela teve de se mudar novamente de Hikarigaoka para Odaiba.
Mas… tudo isso não foi só coincidência.
Aconteceu nuitas coisas… mas foi graças a tudo isto que pude conhecer a Piyomon. Acredito nisto, agora. Tenho a certeza que o teu encontro com a mãe também não foi uma coincidência. Não tenho a certeza quanto ao irmão do Jou-senpai, mas também é possível que não seja coincidência! Pode haver algum significado por detrás disso. ((risinhos))
Na próxima visita-de-estudo, vou a Quioto. Dão-nos algum tempo livre, eu gostava de visitar o lugar onde tu e a mãe se conheceram pela primeira vez. Estou ansiosa por ver como é Quioto! Quer dizer, já a vi na Televisão, por isso há muitas coisas que sei sobre ela… mas nunca estive mesmo lá.
Viajei por imensos lugares na Digital World, mas nunca fui a lugar nenhum no Japão. Não achas estranho? ((risinhos))
Embora estejas ocupado a viajar pelo Japão a fazer a tua investigação, espero que um dia em breve tenhamos a oportunidade de viajar juntos como uma família.
Enfim… feliz aniversário, Pai! Estou agradecida por tudo o que tu e a mãe fizeram por mim.
Com amor,
Sora
((toca a música “Ashita wa Motto”; a música da Sora))
NOTAS:
1) “Youkai” - são monstros/fantasmas típicos do folclore do Japão.
2) "Onmyoudou" - é um ramo do ocultismo oriental. Está directamente relacionado com o Taoísmo e a teoria dos cinco elementos.
TRADUÇÃO DA FAIXA 05
Data: Abril de 2001
Voz: Izumi Koushiro
Título: "CHAT"
((som do computador))
((uma porta abre-se. Depois fecha-se… e ouvem-se passos apressados))
Ah, é o Gennai-san!
((som da cadeira, Koushiro senta-se e digita rapidamente))
Deixa ver, o meu nome e… ah, tenho de pôr o meu endereço de e-mail. Calma … calma…
"Há quanto tempo!
Daqui é o Koushiro.
Gennai-san, há quanto tempo não conversávamos pelo chat?
Desde que você ficou mais novo que tem andado particularmente activo.
A esfera negra que foi implantada dentro de si continua um mistério, não é?
Estou um pouco preocupado com isso…
((bip))
Eh, isso é verdade?
O número dos seus companheiros tem aumentado?
É um pouco estranho todos terem o mesmo rosto que você, Gennai-san.
((ouve-se três bips))
Como vai o Tentomon?
((bip))
Eh, ele perguntou isso?
Está tudo bem. Ando a comer bem. Estou até um pouco mais alto.
Embora as raparigas do 5º ano que entraram no clube de informática este ano sejam mais altas do que eu…
Mas vou ser o encarregado a partir deste ano! Estou a esforçar-me ao máximo!
Ontem foi o Ohigan [1], por isso fui fazer uma visita ao cemitério.
É. Agora posso dizer com toda a segurança e certeza que o pai e a mãe que tenho agora são os meus pais verdadeiros. Embora… os meus pais que estão no Céu também sejam importantes.”
((som do computador))
O que foi, Gennai-san? Está com uma expressão tão infeliz…
Oh, estou a ver… deve ser sobre aquilo.
Sim. Já compreendi… o significado do termo “Criança Escolhida”.
O número de Crianças Escolhidas tem aumentado a um bom ritmo.
Ter um parceiro Digimon não é uma coisa assim tão especial.
Ser “Criança Escolhida” significa… cessar as hostilidades que dividem e que são inconvenientes para a Digital World. Para isso, cada criança vem ganhando um parceiro Digimon, uma a seguir à outra.
Ou seja... que nós somos crianças eleitas para lutar.
É isso que significa, não é?
Tudo bem. Não sou o único a perceber isso. Toda a gente compreende.
Por isso mesmo, continuamos a lutar.
Agora, outras crianças estão a ser escolhidas para lutar contra outros tipos de ameaça.
Queremos ajudar essas crianças.
Gostávamos de fazer tudo ao nosso alcance para lhes dar a nossa força. Embora não seja tão fácil ajudá-los na América ou na Europa… se uma Criança Escolhida aparecer no Japão, ajudá-la-emos de imediato.
É verdade? O Tentomon disse o mesmo…
((novo bip))
Entendido.
Se encontrar alguma coisa, contacte-me imediatamente por favor.
((bip))
Ah… a sério? Isso é surpreendente…
Pensar que nem mesmo você sabe de quais países as Crianças Escolhidas vêm, quando elas vão à Digital World…
É o Quinlongmon quem o tem ajudado, não é, Gennai-san?
As outras Bestas Sagradas que foram revividas… também não sabem?
A Digital World… ainda tem tantos mistérios…
Vou esforçar-me por olhar por elas daqui.
((bip))
Estou a ver.
Até à próxima, então.
Obrigado por dispensar algum tempo para conversar, mesmo estando tão ocupado."
((novo bip; desliga-se o chat))
As novas Crianças Escolhidas… pergunto-me como serão elas? Deve haver umas cem, neste momento…?
Desde que começou, até quando os números vão multiplicar-se? De acordo com o Gennai-san, os números parecem duplicar em relação ao número original, a cada ano.
Portanto, significa que… em 1999 haviam oito de nós. Uma vez que, aparentemente, não havia mais ninguém senão nós oito, como terá sido em 1995?
Em 1995 foi o incidente de Hikarigaoka… que história haverá por detrás disso?
Ainda falta muitas coisas para eu descobrir… Tentomon.
NOTAS:
1) “Ohigan” – tradição budista celebrada no Japão, nos equinócios da Primavera e do Outono. Durante o Ohigan, os japoneses voltam às casas deles para visitar a família nos cemitérios e os templos. Durante uma semana, durante os equinócios, prestam serviços especiais para prestar tributo e respeito aos seus antepassados. Os japoneses chamam-lhe “San butsu E” (assembleia para glorificar a Buda).
TRADUÇÃO DA FAIXA 06
Data: Setembro de 2001
Voz: Tachikawa Mimi
Título: "VIDEO MAIL"
Hello! Estão todos bem? Daqui da América fala a Mimi, de Nova Iorque! ♥
Ah, Video-Mail só traz vantagens! Uma vez que, vocês já sabem, não consigo digitar muito bem… assim é muito mais fácil! ♥
Ah! Olhem! Não acham que o céu da América parece de uma cor diferente? …Ahm, como hoje está nublado, acho que não se nota muito a diferença… ((riso nervoso))
Aqui a escola começa em Setembro [1], por isso só comecei a escola ontem. Também já fiz muitos amigos novos!
Mudámo-nos para aqui por causa do negócio do meu Pai; acho que já tinha dito isso. Um dos sócios do negócio do Papá (ou, melhor dizendo, o senpai dele, Kuriyama-san) contou-me uma coisa engraçada! Ele não é japonês, é nativo-americano, por isso o nome verdadeiro dele não é Kuriyama, mas sim… Uhmmm, como era…?
Enfim, ele é um compilador de gravações… e bom! Nas tribos nativo-americanas, há umas coisas chamadas totens. Vocês conhecem as colunas totens, não conhecem? Aqueles postes de madeira que têm esculpidos neles umas caras esquisitas de animais, que estão todas umas em cima das outras. Cada família das tribos nativo-americanas tem uma espécie de espírito que os guia. Acho que são parecidos com os shugorei [2] no Japão. Mas a diferença é que eles são animais totem. Como um lobo… ou um gavião.
((riso)) Ei! Não faz lembrar muito os Digimons? ♥
Os Digimons vieram dos computadores, e eles apareceram das máquinas digitais tão facilmente como eu aqui a mandar este Video Mail, mas eles podem ter aparecido muito antes disso! Tenho pensado nisto ultimamente! ♥ Talvez não como Digital Monsters… mas como Digital Totens, ou Shigurei Totens! Eh!
E então! E então! Sobre a minha escola, é um edifício bastante velho, mas eles têm computadores por toda a parte, (a voz começa a ficar mais distante, em fade) e é óptimo porque podemos usá-los durante o tempo que quisermos…! (silêncio)
((rebentam várias explosões; ouve-se de fundo vários vidros estilhaçarem-se))
Pessoal… obrigada pela preocupação. (Mimi fala de um modo mais sério) Tanto eu, como a Mamã e o Papá estávamos muito longe daquele sítio, por isso ficámos todos bem.
(começa a ouvir-se o som de uma ambulância e alguns intercomunicadores)
Mas… o barulho dos edifícios a cair foi tão alto, que podia ouvi-los como se estivesse mesmo ao lado deles. Também vi imenso fumo. (Mimi está a falar da queda da World Trade Center, nos atentados de 11 de Setembro)
Lembrei-me de muitas coisas… sobre Odaiba e a Digital World…
Por isso, mesmo estando eu bem, não consegui aguentar. Comecei a correr.
((som de passos leves a correr))
Apesar de não ter a Palmon comigo, pensei que poderia haver alguma coisa que eu pudesse fazer sozinha. Sabia que era impossível, mas ainda assim… perguntei-me se haveria alguma coisa que pudesse fazer.
O caos era ainda maior do que eu imaginava…
Todos estavam cobertos de cinza, e havia muita gente que chorava. E entretanto, já havia uns que andavam a remover os escombros, e outros que se esforçavam ao máximo por providenciar água.
E então, encontrei-os no meio da multidão! Os Digimons e os seus parceiros humanos! Não era só um, eram muitos, e os Digimons mais pequenos deslizavam através das fendas à procura de sobreviventes! Não consigo falar inglês muito bem mas, quando lhes mostrei o meu Digivice, eles perceberam que eu era uma amiga!
E depois… realmente não podia fazer nada de mais, mas ajudei-os a transportar os feridos e a tratar das feridas deles…
Gradualmente, o número de adultos aumentou, por isso tivemos que nos esconder o mais rápido que pudemos. Também, uma vez que não podíamos deixá-los saber sobre os Digimons, separámo-nos antes que nos pudéssemos conhecer como deve ser… mas tenho a certeza que vou vê-los outra vez em breve.
Ahh, está quase na hora de ir, portanto vemo-nos depois! A Mamã e os outros estão a cozinhar para as pessoas que estão a distribuir água. Temos de manter toda a gente animada! ((sorri)) Eu vou ajudá-la, claro! Mesmo sem a Palmon por perto, pelo menos ainda sei cozinhar.
Até à vista!
NOTAS:
1) No Ocidente, regra geral, começam as aulas em Setembro, mas no Japão começa no dia 1 de Abril. É um sistema dividido em 2 semestres.
2) “Shugorei” – são guias espirituais do Japão. A aparência deles é humana, portanto, são diferentes dos guias espirituais animais dos nativo-americanos.
TRADUÇÃO DA FAIXA 07
Data: Março de 2002
Voz: Ishida Yamato
Título: “BASE no Hikinagara” (enquanto toco Guitarra)
Hã? Estás bem, pai? Olha as horas!
Ah, é verdade… Acabaram de reconstruir a estação de TV, não foi? É bom que vivamos tão perto dela. Levaram dois anos e meio…
Bom, isso é verdade, mas já te disse; não fomos os únicos que a destruíram!
((som de passos a caminhar))
Vou pedir emprestado o gravador outra vez. Vá lá, não te preocupes, não vou estragá-lo. Tens muitos deles, de qualquer forma.
((som de passos a caminhar))
Por falar nisso… não fazia ideia de que já tinhas pertencido a uma banda, pai.
((som do Yamato a remexer em algo))
Não tinhas dito que cantavas mal? Nem sequer vais às festas de karaoke…
Hã? “Tocavas guitarra e que por isso não tinhas de cantar”?
Bom, eu canto.
Deixa ver… ((Yamato aqui murmura para ele mesmo; ele está a escolher uma música)) Fico com esta hoje…
((volta a falar com o pai em voz alta:))
Isto é Metal?
Eh? É Hard Rock? Qual é a diferença?
Onde está a pauta…? Ah, está aqui.
((folheia as páginas rapidamente e vai falando com o pai:))
Está tudo bem. ((começa a dedilhar as cordas da guitarra enquanto fala)) Também sou capaz de fazer amigos. Estou a dar-me bem com as outras pessoas.
((ao som dos acordes soltos, comenta:))
Em vez de um gravador, era melhor que isto fosse passado para CD… Acho que dá um som diferente.
((toca a guitarra))
Quero a minha própria guitarra também… Esta é boa, mas é chato estar sempre a pedir-ta emprestada…
((pausa))
A sério?! Ah… então, fico à espera do teu salário extra.
((toca a guitarra))
Faz alguma coisa a esta montanha de vídeos, de uma vez por todas. Só tomas cuidado com os gravadores. Só porque precisas deles para o teu trabalho não é desculpa…
Qual era o nome? Aquele do outro dia… “Watashi wa judai wo okami otoko da ta”. [1] Um filme antigo de terror? ((ouve-se o uivo de um lobo)) Ya, é isso.
Hum…? Ah, a sério… O actor daquele filme… Hnmmm…
O Gabumon?
Não! O que se parece com um lobo é o Garurumon. O que se parece com um lobisomem é o WereGarurumon. Da próxima, vê lá se consegues lembrar-te!
Ele parecia bem, da última vez que o Portal se abriu.
((pausa))
Eh? O que foi?
((pausa))
Ah. Já sei. A mãe e o Takeru vão mudar-se para Odaiba, não é? O próprio Takeru contou-me. Vão mudar-se para o apartamento que foi construído o ano passado, né? Aquele com a loja de conveniência [1] no rés-do-chão…
Não tenho visto aquele fulano de óculos e de faixa ultimamente.
Ah, não me digas… ele está a reportar aquele evento em Hiroshima. Incrível, ele vai ser promovido a director, hã? [3]
…não estou nada a mudar de assunto! Falei com o Takeru ao telefone há pouco tempo. Ele disse que a mãe estava a organizar uma reportagem sobre o que aconteceu em Odaiba e Hikarigaoka. É claro! Ela não vai escrever sobre nós.
De qualquer forma, existe muita coisa que mesmo nós não compreendemos ainda. Não há nenhum vídeo sobre o que aconteceu há três anos nem nada… apesar de todo o mundo ter visto…
Mas é graças a isso que podemos viver em paz agora.
((pausa))
É. Eu sei que as coisas não podem continuar assim por muito tempo. Tenho pensado nisso… à minha maneira.
((toca a guitarra))
“O pai não se lembra. Naquele dia… era eu e o Takeru…. Naquele dia em que tivemos de decidir qual de nós ia embora com ele. Nem o pai nem a mãe conseguiam decidir, por isso, quem decidiu fui eu.
Pensei que, desta forma, o Takeru ia poder estar com a mãe. Escolhi sozinho.
E, depois disso, sempre decidi as coisas sozinho. Ou pelo menos era o que eu tinha em mente.
Muito embora tenham-me chamado de “Criança Escolhida”, era EU quem tinha de decidir o que fazer. Nem pensar em deixar-me usar pelos os interesses de outra pessoa.
Por essa razão cheguei tão longe em manter-me afastado de amizades.
Mas, no fim, reconheci que aquilo que estava a fazer não era racional. Afinal de contas, não estou a viver sozinho. Se não tivesse conhecido o Gabumon, nunca teria percebido isso.
A pessoa que sou agora… já não está sozinha.
((toca a guitarra e começa a música))
Bom, e agora… Acho que vou ensaiar um pouco!
((Começa a tocar a música “Negai Kanaeru Kagi”, a música de Yamato))
NOTAS:
1) A loja da família da Miyako
2) Este nome deu origem ao nome da banda de Yamato: “Teenage Wolves”.
“Watashi wa judai wo okami otoko da” traduz-se em inglês para “I was a Teenage Werewolf” (=“Fui um lobisomem adolescente”)
3) Yamato está a falar daquele produtor da TV Fuji do episódio 17 de Adventure 02, quando aparece a sombra de Wizarmon no ecrã.
FIM DO CD DRAMA